Gervásio e Antônia estão juntos há 60 anos — Foto: Junio Nascimento de Castro/Arquivo pessoal
A cumplicidade entre Gervásio Alves de Souza, de 93 anos, e a mulher Antônia Alves de Souza, de 88 anos, isolados em casa na favela do Taquaril, na Região Leste de Belo Horizonte, por causa da pandemia, alivia a saudade da aldeia.
Juntos há 60 anos, o casal de pataxós nasceu em uma tribo na Bahia. Mais tarde, os dois se mudaram para a capital mineira onde vivem há 30 anos.
“Todo mundo conhece meus avós. ‘Lá vão os índios’, o pessoal fala”, disse um dos mais de 40 netos do casal, Junio Nascimento de Castro, que também vive no Taquaril.
Casal de pataxós vive em favela de BH há 30 anos — Foto: André Cavaleiro/Arquivo pessoal
Gervásio e Antônio sempre são vistos de mãos dadas. “Onde um vai, o outro vai atrás. É um grude”, brincou o neto. Agora, eles seguem tomando cuidado com o avanço do novo coronavírus. Lavam as mãos e evitam sair de casa.
“O problema é quando querem visitar os parentes. Eles ficam loucos pra ir na aldeia”, disse Junio.
Brumadinho
Índios pataxó vivem em aldeia às margens do Rio Paraopeba, em Brumadinho — Foto: Paula Paiva Paulo
O casal tem familiares na aldeia próxima a cidade de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, afetada pela tragédia que matou 270 pessoas em janeiro do ano passado.
“Eles até estavam lá quando aconteceu. Quando o rio foi contaminado. Muito triste”, contou Junio.
Gervásio e Antônia se adaptaram completamente ao estilo de vida urbano. Até dentro de casa, o idioma falado é o português. Mas a saudade da aldeia, dos costumes e dos parentes é a que mais aperta em tempos como este.
“É a raiz da nossa família, né? É a raiz deles”, disse Junio.