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Com: MARIO SENA

Governo confirma ex-superintendente do RJ como novo número 2 da PF

Governo confirma ex-superintendente do RJ como novo número 2 da PF

13/05/2020 as 07:50


Carlos Henrique Oliveira, nomeado novo diretor-executivo da Polícia Federal — Foto: Reprodução / TV GloboCarlos Henrique Oliveira, nomeado novo diretor-executivo da Polícia Federal — Foto: Reprodução / TV Globo

Carlos Henrique Oliveira, nomeado novo diretor-executivo da Polícia Federal — Foto: Reprodução / TV Globo

O ministro da Justiça, André Mendonça, nomeou nesta quarta-feira (13) Carlos Henrique Oliveira novo diretor-executivo da Polícia Federal (PF), que é considerado o cargo número dois na corporação. Ele irá ocupar o lugar do delegado Disney Rosseti, que ocupava a função desde de janeiro de 2019 e foi exonerado.

A troca foi publicada no "Diário Oficial da União", que também confirmou mudança na Direção de Inteligência da PF. (Leia mais ao final da reportagem)

Carlos Henrique Oliveira comandava a chefia da Superintendência do Rio de Janeiro. Seu substituto no estado não foi oficialmente divulgado, embora o delegado Tácio Muzzi já tenha sido escolhido para exercer a função.

Ao sair da Superintendência e assumir a Diretoria-Executiva da PF, Carlos Oliveira deixa a linha de frente das investigações. O diretor-executivo da PF cuida de questões administrativas da corporação e de áreas como: imigração, estrangeiros, registro de armas, controle de produção de substâncias químicas, portos e aeroportos.

Acusações de Moro sobre trocas na PF

A Superintendência do Rio está no centro das acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, estaria tentando interferir politicamente na PF. O novo diretor-executivo da corporação e ex-chefe da Superintendência do Rio deverá prestar depoimento em inquérito sobre o caso na tarde desta quarta-feira.

Um inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações feitas por Moro. Nesta terça-feira (12), integrantes da Procuradoria Geral da República, da Polícia Federal e o próprio ex-ministro da Justiça assistiram a um vídeo de uma reunião ministerial no qual o presidente usou palavrões e fez ameaças de demissão ao falar sobre a troca do comando da PF no Rio.

De acordo com fontes que acompanharam a exibição do vídeo, Bolsonaro mencionou na reunião que não quer os "familiares” prejudicados. Ele teria dito que a família é perseguida e que, se não conseguisse trocar o superintendente do Rio, trocaria o diretor-geral da PF – à época Maurício Valeixo – ou, por último, o ministro da Justiça – à época, Sérgio Moro.

Ao conversar com jornalistas nesta terça-feira, Bolsonaro disse que sua preocupação era com a segurança da família, não com investigações. A afirmação, no entanto, não faz sentido, já que a segurança da família é feita pelo gabinete de Segurança Institucional (GSI), e não pela Polícia Federal ou pelo Ministro da Justiça.

Atenções em Brasília se voltam para exibição do vídeo de reunião ministerial citada por Moro
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Atenções em Brasília se voltam para exibição do vídeo de reunião ministerial citada por Moro

Em depoimento à PF no último sábado (2), Moro disse que, em fevereiro, Bolsonaro afirmou, por mensagem de celular, que queria indicar um novo superintendente para a PF no RJ, estado no qual o presidente e seus filhos construíram carreira política. O ex-ministro disse que o presidente afirmou a ele: "Você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma".

Nesta terça, ao ser questionado, Bolsonaro afirmou: "Eu falo em Rio de Janeiro, é o meu estado. É onde tenho um filho lá. Todos os meus filhos têm segurança do GSI. Todos, sem exceção". O GSI, com status de ministério, é vinculado à Presidência da República. A PF, por sua vez, é vinculada ao Ministério da Justiça.

A versão do presidente foi confirmada, em depoimento, pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto. Já o ministro do GSI, Augusto Heleno, afirmou ao depor que é "natural" o presidente da República querer uma pessoa "próxima" na direção-geral da PF. O Secretário de Governo, Luiz Augusto Ramos, afirmou em seu depoimento que ele próprio ligou para Moro para propor uma "solução intermediária" no caso da troca na PF, sem o conhecimento de Bolsonaro.

Souza foi nomeado e empossado número 1 da PF no início de maio. Ele assumiu o cargo após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspender a nomeação de Alexandre Ramagem, considerado amigo dos filhos do presidente e atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Rolando de Souza já realizou cinco trocas em superintendências da corporação nos estados desde que assumiu o cargo. As mudanças atingem: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Alagoas, Paraíba e Tocantins.

Disney Rosseti, exonerado do cargo de diretor-executivo da PF — Foto: Divulgação/AlespDisney Rosseti, exonerado do cargo de diretor-executivo da PF — Foto: Divulgação/Alesp

Disney Rosseti, exonerado do cargo de diretor-executivo da PF — Foto: Divulgação/Alesp

Exonerado nesta terça, Disney Rosseti era delegado da confiança de Moro. Seu nome chegou a ser contado para assumir a PF no lugar de Maurício Valeixo, pivô da crise entre Moro e Bolsonaro.

Tácio Muzzi, que deverá assumir a Superintendência da PF no Rio — Foto: Jornal NacionalTácio Muzzi, que deverá assumir a Superintendência da PF no Rio — Foto: Jornal Nacional

Tácio Muzzi, que deverá assumir a Superintendência da PF no Rio — Foto: Jornal Nacional

Tácio Muzzi, que deve assumir a Superintendência no RJ, está na PF desde 2003 e foi superintendente interino no estado durante cinco meses em 2019. Ele participou de várias investigações de combate à corrupção como a operação Gladiador, que prendeu o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Álvaro Lins.

O delegado foi chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros, da Superintendência da PF no Rio, e também atuou no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (diretor adjunto) e foi diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Diretoria de Inteligência

Também foi publicada no Diário Oficial da União a nomeação do delegado Alexandre da Silveira Isbarrola, que era superintendente da PF do Rio Grande do Sul, como novo diretor de inteligência. Cláudio Ferreira Gomes foi exonerado.